Uma vez, chegou no meu bar um freguês, pediu uma cerveja e ficou olhando pra mim. Passados alguns minutos, ele disse:
-Ei, o senhor é de fortaleza?
Eu respondi:
– Sim, sou porque?
Ele respondeu:
– Ah rapaz, eu sou o Francisco, tô lembrado de você. Você é o Zel. Nós trabalhamos juntos de camelô no Ceará.
Eu afirmei que na adolescência havia mesmo trabalhado de camelô, mas não me lembrava direito dele.
Porém, conversa vai, conversa vem, começamos a falar das festas, dos cinemas, das escolas, das zonas. Quando falamos em zona, ele logo perguntou:
– Você conheceu a burra preta? Lá da zona currau?
Eu respondi:
– Rapaz, eu não saÃa de cima dela, a negra era muito boa, naquele tempo ela já fazia todo tipo de sacanagem.
Logo então, notei que o rapaz ficou meio chateado, então perguntei:
– Ô amigo, o que foi? Falei alguma coisa que você não gostou?
Ele, meio triste, respondeu:
– É que a burra preta é a minha mãe.
Pensem na saia justa que eu fiquei.